Nem sempre eu adorei você.
Algumas vezes eu tive vontade de te esganar. Em nenhum jogo
em especial, mas a sua saída em “X” às vezes me matava.
Mas era você atravessar o campo pra bater uma falta ou um
pênalti que a minha esperança ia junto. E o sentimento quando a bola entrava era
maluco. Era mais que um gol, valia uma vitória. E elas nem sempre vieram.
Duas de suas atuações são minhas favoritas, ambas pela
Libertadores de 2005: contra o Tigres, nas quartas, com você acertando duas
cobranças de falta espetaculares num jogo que terminou 4 a 0 e o primeiro jogo
da semifinal contra o River Plate, por 2 a 0. Nestes dois jogos a camisa pesou,
e era nítido o respeito e a estupefação de alguns adversários, que só lhe
conheciam de nome. “Ele existe” pareciam
pensar.
Que ninguém se engane. Tirando o que chama a atenção, os
gols, você é um dos melhores que já vi debaixo das traves.
Há quem não goste de você. Seguro de si, articulado, por
vezes realista até demais. “Chato pra caralho!” descrito num vazamento de
imagem indevido. O autor da frase, a história se encarregará de mostrar seu
devido tamanho. Saiba que isso é demais num país onde as crianças só jogam
futebol no videogame ou na escolinha que só estraga as futuras gerações,
querendo profissionalizar crianças aos 6 anos. E a imprensa esportiva no geral só vê jogadores
de futebol como chimpanzés movimentados por pagode,com cordão de ouro e boné
caro. Sua predileção por rock só causa mais estranheza num Brasil musicalmente
analfabeto.
Mas milhões te amam. E esses mesmos milhões viram em
11/12/2015 a mais linda festa que um jogador de futebol já recebeu na
despedida. Teremos de aprender a viver sem sua chatice e onipresença, mas
sabemos que em algum momento você estará de volta. E pelo seu amor ao Tricolor
não vai demorar.
Por isso, não digo adeus. Digo até logo.
Obrigado Rogério.
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