domingo, 6 de dezembro de 2015

A piada do jornalismo esportivo no Brasil.

Sempre gostei muito de esporte, e como todo brasileiro típico, futebol em especial. Mas meus interesses e minha vida me afastaram de acompanhar o esporte em detalhes, principalmente o futebol brasileiro. Mas já há algum tempo, tenho acompanhado como assinante de TV paga que sou uma coisa que me deixa um tanto inquieto, mas que já vem comigo desde que eu acompanhava futebol no dia-a-dia: evoluindo das antigas “mesas redondas” do futebol, os programas de análise pós-jogo e a proliferação de comentaristas esportivos, onde a maioria, nitidamente, não tem condições de analisar nem a cor da roupa do juiz.
Honestamente, eu não assistia muito as antigas mesas redondas, aquelas que, em dia de clássico levava um jogador de cada time e o pessoal da mesa gritava e esbravejava defendo o seu time ou sua opinião. Via de relance, mas não havia mesmo muita análise naquilo tudo. A coisa era mesmo bagunçada, e eu achava divertido.
Eu entendo a evolução das coisas. Daqueles comentaristas, muitos sem diploma que tinham começado em rádios do interior ou ex-boleiros com mais facilidade de comunicação, uma nova geração de comentaristas diplomados em Jornalismo e ex-jogadores mais bem preparados, daqueles que tiveram espertos empresários que investiram na formação do produto, o jogador, e hoje conseguem discorrer sobre o jogo com algum conhecimento trouxe novidades como o ar informal, mas educado, as estatísticas do jogo e o conhecimento tático.

A questão, pra mim, é que é tudo perfumaria. Mesmo não tendo diploma de nada, duvido que me saia pior do que qualquer um deles.  É nítido que maioria não tem nada a dizer, alguns só desfilam estatísticas, outros anseiam ser como o Armando Nogueira e outros só querem ser vistos como o homem das “informações quentes”.

É infernal ver essa gente comentando o jogo. Às vezes tenho a impressão de que eles estão vendo outro. E no pós, uma porção de platitudes.  Tem aqueles que batem de graça no time que torcem, só pra dizer que são “imparciais”. Em jogo internacional, a coisa só piora. Quando o jogo é o do time do momento, como o Barcelona, os caras ficam absolutamente cegos.

Dedico um parágrafo aos repórteres de campo e setoristas, aqueles que cobrem um determinado time. Com uma profusão de mídias existente (impressa, televisiva, internet), em épocas de negociação de técnicos e jogadores a coisa sai de controle. Em questão de minutos um jogador pode ser contratado, descontratado, contratado de novo e ir para o exterior, dependendo do veículo que você esteja utilizando pra se informar. E é esse conceito basilar do jornalismo que eles derrubam a cada dez minutos nessas situações. Entendo a necessidade do furo, da informação quente, mas em algum momento esses caras pensam que podem estar deixando o torcedor maluco?

E eu nem estou citando algo da qual desconfio seriamente, e que certa vez foi citado pelo ex-goleiro Marcos, do Palmeiras em uma entrevista ao descobrirem que ele fumava: as relações impróprias entre jornalistas, jogadores, dirigentes e empresários de futebol. A pobreza atual de nosso futebol é flagrante, mas como explicar que certos jogadores no máximo medianos, cheguem com status de grandes promessas e estrelas em grandes times de nosso futebol?


Pelos motivos elencados, não assisto a mais nenhuma mesa redonda, e se assisto um jogo hoje, tento não levar em conta o que a maioria dos comentaristas fala, pois os que sabem que estão falando cabem nos dedos de duas mãos.

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